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Entre as seitas e cultos modernos, com suas diversas ramificações, nenhuma apresenta doutrinas tão estranhas quanto a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, também chamada de igreja mórmon. Com um conjunto de lendas e mitos envolvendo o grupo, assim como algumas crenças bem estranhas, como cuecas mágicas, poligamia, Deus fazendo sexo com mulheres mortais, batismos e casamentos de pessoas já falecidas e templos onde são proibidas as visitas de não-mórmons, é definitivamente um dos cultos mais complexos dos últimos anos.
O ponto mais curioso sobre o grupo com certeza são seus textos, livros que causam um misto de repulsa inconsciente pelo sacrilégio em acrescentar coisas ao texto sagrado com fascinação com histórias estranhas e fantasiosas sobre hebreus atravessando longos oceanos e criando civilizações e vilarejos e uma suposta explicação sobre a origem de diversos povos norte-americanos. De tais obras, hoje trataremos do livro mais famoso, e que causa discussões até hoje: o Livro de Mórmon.
O que é
O Livro de Mórmon é um livro que supostamente foi traduzido de placas de ouro entregues pelo anjo Moroni ao profeta Joseph Smith, o pai do movimento mórmon e criador da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos dias. Smith teria traduzido as placas de uma língua antiga para o inglês moderno utilizando dois instrumentos mágicos, o Urim e o Tumim.
As placas de ouro, o Urim e o Tumim foram devolvidos ao anjo logo após terminar o processo de tradução, bem como outros documentos, como papiros funerários do que eles chamam de "Pérola de Grande Valor" (um conjunto de textos que deveriam estar relacionados ao Antigo Testamento, como o Livro de Noé e outros), o que impossibilitou por muito tempo de ser comprovadas as relações entre os textos divulgados por Joseph Smith e qualquer texto antigo real. Porém, recentemente, a ISUD trouxe um conjunto de papiros antigos do suposto Livro de Noé, que, coincidentemente, não citavam Noé. Isso teria uma série de explicações, como o papiro não precisar necessariamente corresponder ao texto traduzido por se tratar de uma revelação divina, e o fato do papiro que foi descoberto não ser de fato um papiro completo, mas apenas um fragmento. De toda forma, a história apresentada pela ISUD deixa mais perguntas que respostas.
O Livro de Mórmon conta a história da família de um homem chamado Leí, que, seis séculos antes de Cristo, foge para a América. Seus descendentes formam duas tribos, os nefitas (os justos e abençoados) e os lamanitas (que acabaram se desvirtuando com o tempo), que, eventualmente, entram em conflitos brutais. Dentre os nefitas, vários profetas surgem de tempos em tempos, com o ponto ápice do livro sendo a vinda de Jesus para as Américas afim de catequizar tais povos. O fim de ambos é trágico, sendo os nefitas completamente dizimados e os lamanitas caindo no paganismo e na feitiçaria, se tornando os indígenas americanos que conhecemos hoje.
Bíblia ou Livro de Mórmon?
Para hoodoo, Bíblia, inegavelmente. Mais completa, mais complexa, com mais fórmulas mágicas, com mais poder mágico acumulado ao longo dos anos. Além disso, os usos práticos do livro de Mórmon são bem poucos, visto que não se trata exatamente de um livro legítimo.
Para cristãos, Bíblia. O livro de Mórmon, além de provavelmente ser uma falsificação, também viola Gálatas 1:8-9 sobre o anúncio de evangelhos diferentes daquele pregado pelos apóstolos inicialmente. Além disso, as crenças mórmons são incompatíveis com o cristianismo, visto que pregam que a religiosidade anterior ao encontro das placas de ouro estava perdida e pregando heresias, o que é basicamente a mesma coisa que dizer que Jesus mentiu e as portas do Inferno prevaleceram contra a Igreja. Só por esse começo, um cristão (católico, protestante ou evangélico) já poderia descartar todo o conteúdo, mas piora, já que o livro defende várias crenças completamente heréticas, como condenando batismo infantil como pecado (Morôni 8:10–14), prega modalismo (Mosias 15:1-5) e até diz que Adão caiu para a felicidade da humanidade (2 Néfi 2:22–25). Completamente incompatível com o cristianismo.
Para mórmons, ambos. Os mórmons não creem que o livro de Mórmon seja algo completamente a parte da Bíblia, mas um complemento a ela, e deve ser entendida por não-mórmons desta forma, para que compreendam o que verdadeiramente os mórmons são e no quê eles acreditam.
Usos comuns
Embora não seja de prática comum na magia (por ser claramente uma obra forjada, e não uma síntese de uma tradição esotérica), existem alguns usos que você pode tentar, tanto para experimentação quanto para uso prático caso queira algo diferente do hoodoo tradicional, como:
- bibliomancia
- uso em encantamentos
- análise cultural e histórica da religião
- compreensão da egrégora mórmon
Então o livro não é inútil, embora esteja muito longe de um verdadeiro livro sagrado de uso comum e variado como uma Bíblia tradução ARC, a mais utilizada no hoodoo brasileiro, ou mesmo de um oráculo mais usual, como um baralho de Tarot. Mesmo assim, ainda é uma adição interessante à sua biblioteca, caso tenha interesse.
Como e onde conseguir?
Você pode conseguir indo até a capela mórmon mais perto de sua casa. Veja os horários dos cultos, participe de um como ouvinte (sem participar ativamente das cerimônias), fale com um dos elders e peça uma cópia. Te recomendo não dar muita trela, porque eles são bem insistentes e vão tentar te converter a qualquer custo, te mandando mensagens de tempos em tempos e te convidando pra os encontros deles.
Você também pode largar o nome dele na Shopee, onde tem exemplares até de capa dura (diferente do exemplar dado de graça). Também é possível ler o livro online, caso não tenha interesse em o adquirir, mas queira ver por curiosidade.
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